Durante a retomada do julgamento do núcleo 1 da tentativa de golpe de Estado, nesta quarta-feira (3), o advogado Celso Vilardi, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que não teve tempo suficiente para analisar o conjunto de provas reunidas pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo Vilardi, a defesa recebeu cerca de 70 terabytes de dados, o que dificultaria o acesso integral ao conteúdo. “São bilhões de documentos. Eu não conheço a íntegra desse processo”, declarou.
Vilardi também apontou falhas técnicas no acesso aos arquivos, citando especificamente problemas com o material relacionado ao general Mário Fernandes. O advogado questionou a forma como as provas foram disponibilizadas, mencionando que muitas delas consistem em recortes de conversas de WhatsApp, agendas e documentos apreendidos em dezenas de celulares e computadores. Ele destacou que a Polícia Federal teve anos para analisar os dados, utilizando sistemas avançados de busca, enquanto a defesa não dispõe dos mesmos recursos.
O julgamento marca um momento histórico no STF, sendo a primeira vez que um ex-presidente da República é réu por crimes contra a democracia. Além de Bolsonaro, outros sete aliados são acusados de integrar o núcleo responsável por desacreditar o sistema eleitoral e incitar ataques às instituições. A defesa tem buscado contestar a validade e o acesso às provas, enquanto o tribunal avalia a denúncia da PGR sobre tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e outros crimes graves. O processo segue em análise pela Primeira Turma.
