Durante visita à Favela do Moinho, em São Paulo, no dia 26 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) compartilhou o palco com Alessandra Moja e Yasmin Moja, mãe e filha, que nesta segunda-feira (8) foram alvos de mandados de prisão na Operação Sharpe, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP). Alessandra é apontada como liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC) na região, responsável pelo tráfico de drogas e extorsões a moradores. Na ocasião, ambas representavam a associação de moradores e foram saudadas por Lula durante o anúncio de um programa habitacional federal.
Segundo o MPSP, após a prisão de Leonardo Moja, conhecido como “Leo do Moinho”, Alessandra assumiu o comando das atividades criminosas na comunidade, incluindo o abastecimento de entorpecentes na Cracolândia. A investigação aponta que o PCC teria aparelhado movimentos sociais ligados à favela para dificultar a atuação de órgãos de segurança. Moradores relataram à imprensa e à polícia que eram coagidos a pagar propinas para acessar benefícios habitacionais, com valores que chegavam a R$ 100 mil. O dinheiro seria lavado por meio de empresas de sucata ligadas à família Moja.
Durante o evento, Lula criticou a associação entre movimentos sociais e o crime organizado, afirmando que “pobre e gente que mora em favela é sempre considerado bandido” por setores da elite. O programa anunciado prevê crédito de R$ 250 mil para cerca de 900 famílias, por meio do Minha Casa, Minha Vida e do Casa Paulista. Apesar da presença das investigadas no palanque, o governo federal não se manifestou sobre o envolvimento delas com o PCC. O caso gerou repercussão e levanta questionamentos sobre os critérios de representação comunitária em eventos oficiais.