Ex-presidente repete tática já usada ao
atacar juiz do caso de difamação da escritora E. Jean Carroll e tenta forçar
sua própria expulsão da corte
O ex-presidente Donald Trump continua usando suas táticas
de manipulação da realidade para seu próprio benefício eleitoral.
O último episódio aconteceu na
quarta-feira (17), quando Trump tumultuou o julgamento do caso de difamação da
escritora e jornalista E. Jean
Carroll, que venceu um processo anterior contra ele por abuso sexual
ocorrido na década de 1990.
Ele reclamou tanto durante o testemunho
da escritora que o juiz chegou a ameaçar expulsá-lo da corte.
E era exatamente isso que o
ex-presidente queria. Como ele chegou até a admitir, dizendo que “amaria” que o
juiz tomasse essa decisão.
A intenção não era apenas bagunçar o
processo, mas também usar o caso como arma eleitoral na sua campanha para
retornar à presidência dos Estados Unidos.
Trump tem atacado sistematicamente os
juízes de todos os processos que enfrenta na Justiça, pelas mais variadas
acusações: de fraude fiscal à tentativa de golpe durante a invasão do
Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
Logo depois da sessão do caso de
Carroll, o ex-presidente não perdeu a oportunidade e deu uma entrevista
chamando o juiz do caso, Lewis Kaplan, de “nasty”, que pode ser traduzido como
“sujo”, “maldoso” ou “nojento”.
Ele afirmou ainda, sem qualquer tipo de
evidência, que o magistrado o odiava. Que Kaplan era um “Trump hater”,
expressão que costuma usar com frequência.
A intenção de Trump é manipular a
narrativa do caso, tentando se colocar como vítima de um suposto sistema das
elites americanas, sejam elas as elites econômicas, políticas ou judiciais.
Na posição de vítima e criticando de
forma quase caricatural os juízes e outros opositores, Trump tenta passar ao
eleitorado a imagem de um rebelde que luta contra esse suposto sistema opressor
não apenas em nome dele próprio, mas também do americano comum –que também têm
muitas frustrações com o seu próprio país.
O ex-presidente tem usado essa tática
há anos, distorcendo a realidade.
E a coisa tem funcionado, tanto que
milhões de americanos acreditam que ele, um bilionário que já ocupou o cargo
mais importante da política mundial, é uma vítima e não um membro privilegiado
da elite do país.
Trump vai continuar usando essa tática
na corrida eleitoral. E seus apoiadores vão continuar acreditando nas suas fake
news, distorções e bizarrices.
Por Américo Martins, CNN