Bolsonaro roubou ideia de Ciro para Lula?

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Captura-de-Tela-2024-03-26-as-09 Bolsonaro roubou ideia de Ciro para Lula?

Ex-governador do Ceará sugeriu “formar o grupo de
juristas para preparar a defesa” e “sequestrar” o petista para
uma embaixada em resposta à Operação Lava Jato em 2016

A  estadia de Jair Bolsonaro (foto) na embaixada
húngara
 quatro dias após ter sido alvo
da Operação Tempus
Veritatis
, deflagrada em 8 de fevereiro como parte de
investigação sobre trama de golpe de Estado, faz lembrar a sugestão de Ciro Gomes para
blindar Lula contra
mandado de prisão na Lava
Jato
.

“A Dilma [Rousseff] indicar o Lula para o
ministério [da Casa Civil], para evitar a prisão, foi um disparate. Ela
ultrapassou os limites do cargo. Não podia envolver a Presidência da República.
Tinha que ter feito um gesto de solidariedade pessoal, não com o uso do cargo.
Agora, no meu caso, se acontecesse uma prisão arbitrária do Lula, seria um
gesto de solidariedade particular, formar o grupo de juristas para preparar a
defesa e sequestrá-lo para uma embaixada”
, disse o ex-governador
do Ceará, ex-ministro de Lula e então pré-candidato à presidência da República
pelo PDT em agosto de 2016.

Em março daquele ano, a nomeação de Lula para a Casa Civil de
Dilma havia sido suspensa pelo ministro 
Gilmar Mendes, do STF.

“Pegar o Lula e entregar numa embaixada”

“Pensei: se a gente formar um grupo de
juristas, a gente pode pegar o Lula e entregar numa embaixada. À luz de uma
prisão arbitrária, um ato de solidariedade particular pode ir até esse limite.
Proteger uma pessoa de uma ilegalidade é um direito”
,
reiterou Ciro.

Condenado em primeira instância no caso do triplex do
Guarujá em julho de 2017 e, em segunda, em janeiro de 2018, Lula acabou sendo
preso em 7 de abril daquele ano por ordem do Tribunal Regional Federal da 4a
Região (TRF-4), quando a prisão após condenação em segunda instância estava
autorizada pelo STF, que havia negado, inclusive, um habeas corpus preventivo
impetrado pela defesa. Apesar de toda a cena protagonizada pelo então
ex-presidente no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Paulo, onde fez comício
e demorou a se entregar à Polícia Federal, ninguém o “sequestrou” para levar
a uma embaixada.

O único “sequestro”,
no caso, foi o da jurisprudência de 2016 que seus indicados e camaradas no
STF reverteram
em 2019
 para tirá-lo da cadeia, graças à
mudança de voto de Gilmar Mendes, que havia se voltado contra a Lava Jato após
a força-tarefa ter atingido seu amigo Aécio Neves em 2017.

“Não há crime nenhum

Já Bolsonaro, que tem menos camaradas que Lula no Supremo,
foi por conta própria passar dois dias na embaixada húngara em Brasília,
onde “não pode ser preso” porque
fica “legalmente fora do
alcance das autoridades nacionais”
, como registrou o jornal
americano New York Times na
segunda-feira, 25, ao revelar imagens da estadia.

“Não há crime nenhum [n]isso. Porventura dormir
na embaixada, conversar com embaixador, tem algum crime nisso? Tenha santa
paciência, chega de perseguir, pessoal”
reagiu
Bolsonaro
 na noite de segunda.

Lula tampouco via problema em refugiar-se, com foro
privilegiado, na Casa Civil de Dilma.

Cada um com suas rotas de fuga.

 

Por Felipe Moura Brasil, O Antagonista

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