Cineasta acreana lança obra sobre mulheres que atuaram no parto em áreas isoladas

Acre

 

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A cineasta Nonata Queiroz entrevista mulheres que exerceram a profissão de parteiras nos seringais acreanos, foto: cedida

Em uma época em que o Acre não possuía estradas, maternidades ou profissionais de saúde qualificados para realizar partos, surgiram dentro da floresta mulheres benzedeiras, lavadeiras e as chamadas parteiras — profissionais autodidatas cujo objetivo primordial era realizar partos tanto das esposas dos seringalistas quanto das filhas dos seringueiros. Com o intuito de preservar os feitos dessas mulheres, a cineasta Nonata Queiroz lançará em breve o documentário intitulado Parto Normal no Seringal.

A obra, financiada pelo Edital nº 14/2024 da Fundação Garibaldi Brasil (FGB), conta com o apoio da Associação Acreana de Cinema (ASACINE) e da Academia Acreana de Letras (AAL). O documentário apresenta relatos de diversas experiências vividas por mulheres que atuaram como parteiras nos seringais acreanos — uma profissão que une fé, devoção e vasta experiência em técnicas variadas para auxiliar gestantes na hora do parto.

“O objetivo do meu projeto é resgatar as histórias dessas mulheres, profissionais do parto, cujo trabalho de dedicação e amor pela vida acabou silenciado por uma sociedade machista e manipuladora da época. Nosso trabalho visa preservar o legado dessas mulheres fortes, que salvaram vidas de mães e filhos dentro da floresta amazônica, onde não havia maternidade nem profissionais responsáveis pelos partos. Esse trabalho deixa um legado impagável para a sociedade. Além disso, elas também contribuíram para o fortalecimento do empoderamento feminino”, afirma Nonata Queiroz.

Para o cineasta e historiador Adalberto Queiroz, um dos diretores do documentário, a obra audiovisual não apenas resgata, mas também valoriza, por meio dos relatos dessas mulheres, uma atividade de extrema relevância realizada nos confins da Amazônia de forma silenciosa — até então sem reconhecimento por parte do poder público.

“Essas profissionais aprenderam de maneira empírica os segredos da profissão, unindo o conhecimento tradicional ao uso de ervas medicinais ensinadas pelos indígenas, aplicadas nos serviços de parto, numa época em que os seringais viviam em completo isolamento”, comenta o cineasta.

A autora

Nonata Queiroz é uma das grandes profissionais do segmento audiovisual, com vasta experiência acumulada ao longo de sua trajetória. Entre seus diversos trabalhos, destacam-se Memórias da Confraria Acreana, Águas da Sarjeta (em parceria com Inês de Andrade) e a direção do documentário Folclore na Escola. Ela também contribuiu brilhantemente na produção de festivais de cinema e atuou como atriz em inúmeras produções cinematográficas no estado.

O lançamento de Parto Normal no Seringal está previsto para o mês de novembro, com data e local ainda a serem confirmados pela equipe de produção.

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Parto Normal no Seringal resgata o trabalho destas mulheres cuja dedicação de extrema importância social acabou sendo silenciada por uma sociedade excludente nos seringais da Amazônia. foto: cedida