Diante de um prejuízo acumulado que se intensificou em 2024, os Correios articulam, com apoio do governo federal, uma operação de crédito de R$ 20 bilhões para tentar reequilibrar suas contas. A estatal, que registrou perdas de R$ 2,6 bilhões no último ano — quatro vezes mais que em 2023 — enfrenta dificuldades desde 2013, quando iniciou uma sequência de resultados negativos. Embora tenha apresentado estabilidade entre 2017 e 2021, voltou a operar no vermelho a partir de 2022, acendendo o alerta no Palácio do Planalto. A proposta de financiamento envolve bancos públicos e privados, com garantia do Tesouro Nacional, e prevê R$ 10 bilhões em 2025 e outros R$ 10 bilhões em 2026.
Especialistas apontam que os prejuízos decorrem de má gestão ao longo dos anos e da transformação tecnológica do setor, que aumentou a concorrência e reduziu a demanda por serviços tradicionais. A estatal atribui parte da queda de receita à taxação de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50, conhecida como “taxa das blusinhas”, sancionada em junho. Segundo os Correios, a medida reduziu o volume de entregas, afetando diretamente o faturamento. No entanto, economistas como Sérgio Vale e Elena Landau contestam essa justificativa, destacando que outras empresas do setor não sofreram impacto semelhante e que o problema é estrutural.
Para enfrentar o cenário, o novo presidente da estatal, Emmanoel Schmidt Rondon, aposta em medidas como venda de imóveis, programa de demissões voluntárias e lançamento de um marketplace em parceria com a Infracommerce. Há também negociações com o New Development Bank para captar R$ 3,8 bilhões em investimentos.