Crise interna na esquerda boliviana pode abrir caminho para retorno da direita ao poder

Acre

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A Bolívia se aproxima de um momento decisivo em sua trajetória política, marcado pela profunda divisão interna no Movimento ao Socialismo (MAS), partido que governa o país há quase duas décadas. A ruptura entre o ex-presidente Evo Morales e o atual chefe do Executivo, Luis Arce, gerou uma disputa que enfraqueceu a base da esquerda e comprometeu sua capacidade de mobilização. Com Morales impedido de concorrer e Arce fora da disputa, os candidatos ligados a ambos os grupos aparecem com baixa intenção de voto, enquanto o número de votos nulos e brancos cresce, refletindo o desgaste do partido entre os eleitores.

A ausência de unidade e renovação estratégica no MAS tem favorecido o avanço de nomes da direita, como o empresário Samuel Doria Medina e o ex-presidente Jorge Quiroga, que lideram as pesquisas com propostas de reformas econômicas e privatizações. A crise econômica, agravada por escassez de dólares, inflação e falta de combustíveis, tem impulsionado o discurso conservador e ampliado o apoio popular à mudança de rumo. A população, diante da instabilidade e da falta de respostas concretas, começa a buscar alternativas fora do campo tradicional da esquerda.

Se confirmada nas urnas, essa virada representará o fim de um ciclo político iniciado em 2005, com a ascensão de Evo Morales e a consolidação de um modelo estatista e voltado à inclusão social. A possível retomada do poder pela direita sinaliza não apenas uma mudança de governo, mas também uma reconfiguração profunda do cenário político boliviano, com impactos diretos na economia, nas relações internacionais e na condução das políticas públicas. A eleição se desenha como um divisor de águas entre o legado do MAS e o retorno de forças conservadoras ao comando do país.