No contexto das discussões sobre políticas brasileiras, há uma ilusão comum sobre o impacto das opiniões de líderes nacionais, como Lula e Bolsonaro, sobre as eleições dos Estados Unidos. Embora ambos se manifestem a favor de candidatos como Kamala Harris e Donald Trump, essas declarações não têm nenhum peso nas decisões políticas norte-americanas. Para os americanos, o apoio de um presidente brasileiro não influencia em nada seus votos. Essa desconexão é difícil de ser entendida por uma parcela do público brasileiro, que tende a importar as disputas locais para o cenário internacional, como se as opiniões de seus líderes pudessem mudar algo no eleitorado dos EUA
ENTENDENDO AS DINÂMICAS DO JOGO
A dinâmica seria diferente se estivéssemos falando de um país vizinho, como Argentina ou Paraguai, onde o apoio de um líder brasileiro teria mais ressonância devido aos laços regionais. Contudo, no caso dos Estados Unidos, essa relação é irrelevante. A comparação feita no texto é clara: seria como se um líder de um país distante, como Angola, apoiasse um candidato brasileiro em uma eleição nacional. Isso não alteraria o voto de ninguém no Brasil, da mesma forma que as preferências de Lula ou Bolsonaro não têm poder de influência sobre as eleições americanas.
LÊDO ENGANO
No entanto, no Brasil, ainda persiste a ideia de que o futuro da democracia americana depende da eleição de um determinado candidato, como se a política dos EUA fosse mais vulnerável às mudanças radicais do que realmente é. O sistema americano é robusto, com uma estrutura que inclui o Congresso, a Suprema Corte e outras instituições que garantem a estabilidade, independentemente do presidente da vez. Mesmo com figuras como Trump, que pretendia desafiar o sistema, as instituições se mantiveram firmes. O próprio episódio do Capitólio demonstrou a eficácia do sistema de checks and balances, que puniu os infratores sem diferenciação.
ESTABILIDADE É A PALAVRA CHAVE
Portanto, é necessário entender que a democracia americana, ao contrário da brasileira, é protegida por um sistema institucional que preserva sua estabilidade. A política externa dos EUA é moldada por esse sistema e não por qualquer figura messiânica. No Brasil, nossas instituições ainda são frágeis, e a democracia, muitas vezes, parece assustadora. O foco das discussões deveria ser a realidade interna, em vez de se perder em emoções e debates sobre eleições distantes, que não alteram a vida política nacional. A recomendação é acompanhar as eleições americanas como um espectador, sem se apegar emocionalmente às disputas externas.