A Polícia Federal identificou que o empresário José Lins de Alencar Neto, apontado como controlador de associações suspeitas de fraudes contra aposentados do INSS, movimentou R$ 70 milhões por meio de uma funerária entre 2022 e 2024. A empresa, ligada à Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN), é uma das entidades investigadas na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano. O esquema envolve descontos indevidos em benefícios previdenciários em troca de supostos serviços, como seguros e auxílio funeral.
Segundo as investigações, Lins está por trás da AAPEN e da Associação dos Aposentados e Pensionistas Brasileiros (AAPB), que juntas arrecadaram R$ 472 milhões com descontos aplicados diretamente nos benefícios de aposentados. A Controladoria-Geral da União (CGU) e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontaram movimentações financeiras suspeitas e ausência de autorização formal dos beneficiários para os descontos. Em uma amostra de 210 casos, todos os aposentados negaram ter autorizado a cobrança.
A Advocacia-Geral da União (AGU) já moveu ação de bloqueio de R$ 191 milhões contra os envolvidos. A investigação também alcança ex-dirigentes do INSS, como André Fidelis, suspeito de revalidar acordos com as entidades mesmo após irregularidades. A advogada Cecília Mota, ex-presidente da AAPEN, também é investigada por movimentar R$ 14 milhões e realizar viagens internacionais durante o período das fraudes. O caso segue em apuração pela Polícia Federal e pode resultar em responsabilizações por associação criminosa, falsidade ideológica e estelionato previdenciário.


