Uma megaoperação nacional revelou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que operava por meio de fundos de investimento e uma rede de postos de combustíveis. Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), o grupo criminoso controlava ao menos 40 fundos com patrimônio superior a R$ 30 bilhões, além de cerca de mil postos espalhados pelo país, que juntos movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024. A estrutura empresarial era usada para ocultar patrimônio, financiar atividades ilícitas e adquirir bens como usinas de álcool, caminhões e imóveis de luxo.
O principal alvo da operação é Mohamad Hussein Mourad, que se apresentava como CEO da G8LOG e consultor do grupo Copape. Mourad é apontado como líder do esquema, utilizando empresas como Copape e Aster para fraudes fiscais e lavagem de capitais. As investigações indicam que ele inflava artificialmente os preços entre empresas do grupo para obter créditos tributários indevidos. A rede envolvia familiares, sócios e administradores cooptados, operando em toda a cadeia produtiva de combustíveis, inclusive com importação irregular de metanol para adulteração de produtos.
A operação também revelou conexões com Vinícius Gritzbach, delator do PCC assassinado em São Paulo em 2024. Um dos investigados, José Carlos Gonçalves, conhecido como “Alemão”, foi sócio de Gritzbach e é suspeito de atuar como financiador do tráfico e da lavagem de dinheiro. Gonçalves mantinha vínculos com redes de postos e empresas de fachada ligadas ao grupo Mourad. Ao todo, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas. O caso expõe a complexidade da atuação financeira do PCC e levanta alertas sobre a vulnerabilidade do mercado formal à infiltração de organizações criminosas.