“As providências, quando necessárias, serão tomadas em
conformidade com as decisões jurídicas acerca do assunto”, dizem os
militares sobre a Operação Tempus Veritatis
As Forças Armadas definitivamente
não embarcaram nos planos de Jair Bolsonaro e
seu entorno. O Exército reforçou na noite de segunda-feira, 12, uma mensagem
que transmitiu no dia em que foi deflagrada a Operação Tempus Veritatis (tempo
ou hora da verdade), que investiga uma trama para golpe de Estado: vai
colaborar com as investigações e aguardar seu desfecho para tomar as
providências “quando necessárias”.
Em nota reproduzida pelo
jornal O
Globo, o Exército diz que “prima pela
legalidade e pela harmonia entre os demais entes da República” e reitera que “vem colaborando com as
autoridades policiais nas investigações conduzidas”. Segundo os militares, “as providências, quando
necessárias, serão tomadas em conformidade com as decisões jurídicas acerca do
assunto”
Em 8 de fevereiro, quando a Polícia Federal
deflagrou a operação, o Exército, comandado pelo general Tomás
Paiva (à esquerda na foto com o ministro da Defesa, José
Múcio), já tinha
divulgado mensagem para dizer que acompanhava a
ação e prestava “todas as informações necessárias às investigações“.
E os comandantes?
A conduta irritou o senador Hamilton
Mourão (Republicanos-DF), que cobrou os comandantes
militares da tribuna do Senado. “No caso das Forças Armadas, os seus
comandantes não podem se omitir perante a condução arbitrária de processos
ilegais que atingem seus integrantes ao largo da Justiça Militar”,
discursou Mourão, que foi vice-presidente de Bolsonaro, mas não apareceu, até o
momento, entre os investigados pela PF.
No dia seguinte, mais calmo,
o senador emendou o discurso por meio de uma nota. “Mourão destacou
que o País vive uma situação de não normalidade, mas que, mesmo neste cenário,
é preciso ‘…afastar claramente qualquer postura que seja radical, de ruptura,
mas temos que repudiar os fatos que estão ocorrendo…’”, diz a mensagem.
“Quando afirmou que ‘os comandantes não
podem se omitir perante a condução arbitrária de processos ilegais’, não
incitou, e nem se referiu, a nenhum tipo de ruptura institucional ou golpe”,
completa a nota, divulgada na sexta-feira, 9.
Colaboração
O Globo destaca ainda que o Exército só deve abrir apurações
disciplinares sobre os alvos da operação após a conclusão das investigações da
Justiça, mas vai cumprir os pedidos de afastamento das funções da ativa. Os
militares participaram da escolta do coronel Bernardo Romão Corrêa Netto dos
EUA para o Brasil, por exemplo. Ele foi preso no domingo, 11, após
retornar ao país, e levado para o Batalhão da Guarda Presidencial
Se algum bolsonarista ainda
acreditava na possibilidade de as Forças Armadas se envolverem em um golpe de
Estado, a conduta da cúpula militar em relação à Operação Tempus Veritatis deve
acabar com as últimas esperanças.
Por Redação O Antagonista