Também foi determinado desmembramento das
investigações para que novos inquéritos sejam abertos contra outros suspeitos
A juíza federal Raquel Vasconcelos Alves de Lima, do Tribunal
Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), aceitou denúncia apresentada pelo
Ministério Público Federal (MPF) e tornou réus os brasileiros Mohamad Khir
Abdulmajid e Lucas Passos Lima. Os dois são suspeitos de envolvimento com o
Hezbollah, organização militante xiita libanesa.
Abdulmajid é suspeito de recrutar
brasileiros para o Hezbollah. Ele está foragido desde o início de novembro do
ano passado, quando a Operação Trapiche foi deflagrada.
Ele teria saído do Brasil, de acordo
com registro migratório, em 18 de outubro com destino a Beirute, no Líbano. Não
há informação de retorno ao Brasil. O mandado de prisão preventiva contra ele
foi incluído na lista de difusão vermelha da Interpol.
Lucas Passos Lima está preso
preventivamente no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos (SP). Ele é
investigado sob a suspeita de estar vinculado ao Hezbollah e de ter viajado
para o Líbano para interação com o grupo. Ele nega envolvimento com o Hezbollah.
A juíza responsável pelo caso marcou
para o dia 21 de março, às 14h, a audiência de instrução e julgamento de Lima.
Nesta data, o brasileiro será interrogado por videoconferência e haverá a
oitiva de uma testemunha de acusação e aquelas eventualmente indicadas pela
defesa.
No final de janeiro, o ministro Og
Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça, rejeitou pedido da defesa de Lima e
o manteve preso preventivamente.
Em sua decisão, o ministro afirmou que
a continuidade da prisão se justificava diante dos indícios levantados na
investigação e que ainda há análise pendente do caso na segunda instância.
Investigações continuam
A juíza Raquel Vasconcelos Alves de
Lima determinou ainda, atendendo a um pedido feito pela Polícia Federal, o
desmembramento das investigações para que novos inquéritos sejam abertos contra
outros suspeitos de estarem envolvidos com o Hezbollah. A solicitação teve
parecer favorável do MPF.
“Não se pode olvidar que, além de Lucas
[Passos Lima], outros brasileiros também foram identificados como alvos dos
recrutamentos pela organização terrorista”, justificou na decisão.
De acordo com a juíza, o perfil dos
supostos recrutados levantou suspeitas pela ausência de vínculos com o país ou
condições financeiras para empreender viagens ao exterior – alguns por mais de
uma vez ou três vezes em menos de um ano – e por possuírem antecedentes
criminais.
Ao autorizar o desmembramento da
apuração para que as investigações prossigam, a juíza destacou que o caso de
Lucas Passos Lima se encontrava no estágio mais avançado de recrutamento e que,
até o momento, não foram encontrados elementos suficientes quanto ao
envolvimento dos demais.
“Não obstante, há diligências já
determinadas e ainda não finalizadas, consistentes na expedição de ofícios para
as companhias aéreas e agências de turismo ou empresas responsáveis pelas
vendas das passagens adquiridas em favor dos investigados, a fim de levantar
informações sobre a forma de pagamento e os dados disponíveis de quem as
adquiriu, se possível”, pontuou.
Por Teo
Cury, da CNN