O líder indígena Isaka Ruy Huni Kuî foi formalmente indiciado pela Polícia Civil do Acre por violência sexual mediante fraude contra a turista chilena Loreto Belen. A denúncia, feita pela vítima em redes sociais, relata que os abusos ocorreram durante uma imersão cultural na Aldeia São Francisco, em Feijó, entre maio e junho deste ano. O inquérito policial foi concluído e encaminhado ao Ministério Público, que agora analisa os elementos reunidos para decidir sobre o oferecimento de denúncia formal à Justiça. A acusação se baseia no artigo 215 do Código Penal, que trata de atos libidinosos praticados mediante engano, sem o consentimento consciente da vítima.
A defesa de Isaka contesta o indiciamento e afirma que não há provas suficientes para sustentar a acusação. Segundo a advogada Laiza Camilo, o delegado responsável pelo caso solicitou a revogação da prisão preventiva, o que, na visão da defesa, demonstra fragilidade nas evidências apresentadas. A advogada também destacou que testemunhas internacionais serão ouvidas para reforçar a versão do líder indígena, que nega ter cometido qualquer tipo de violência. Um dos pontos levantados pela defesa é o desaparecimento do celular da vítima, considerado peça-chave na investigação, mas que não foi localizado até o momento.
O caso ganhou repercussão nacional e reacendeu debates sobre segurança em experiências de turismo cultural em comunidades tradicionais. Loreto Belen participava de atividades com o povo Huni Kuî quando, segundo seu relato, foi vítima de três episódios distintos de abuso. Após se apresentar voluntariamente à Polícia Civil em julho, Isaka foi preso, mas liberado no dia seguinte após audiência de custódia. A investigação segue sob análise do Ministério Público, que deverá decidir se há elementos suficientes para levar o caso à Justiça. Enquanto isso, a comunidade indígena e os envolvidos aguardam os desdobramentos legais com expectativa e cautela.