O presidente da Câmara tem afirmado a aliados que falas não
justificam uma denúncia por crime de responsabilidade
Apesar do
intenso movimento da oposição, aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), apontam que são quase nulas as chances de
ele dar seguimento ao pedido de impeachment do presidente Lula que será apresentado nesta
quarta-feira pela oposição.
Até na noite de terça-feira, 20, 122 parlamentares haviam
assinado o pedido de impeachment. A autora da ação, a deputada Carla
Zambelli (PL-SP), pretende protocolar o documento apenas
nesta quarta. Alguns parlamentares projetam que o pedido
terá pelo menos 130 assinaturas.
Desde ontem à noite, Zambelli intensificou
conversas com vários parlamentares e a expectativa é que
integrantes das frentes parlamentares evangélica e católica ajudem a encorpar a
denúncia.
Mais do que Dilma
A ideia dos deputados de oposição é conseguiu
apresentar um pedido com uma adesão maior à ação impetrada contra Dilma
Rousseff em 2016. Naquele ano, a denúncia contra a petista contou com 124
assinaturas.
Mesmo com um número substancial de
assinaturas, Lira já indicou que não vai dar
seguimento a uma denúncia por crime de responsabilidade contra
Lula por falas consideradas desastrosas por parlamentares. Além disso, líderes
de partidos como Republicanos, PP, PSD e MDB também não endossaram o pedido da
oposição, o que dificulta a tramitação da matéria.
Nem mesmo na oposição o pedido de impeachment
é unânime. Como mostramos ontem, o coordenador da bancada paulista na Câmara, Antônio
Carlos Rodrigues, foi contra o pedido de
impeachment, embora ele seja do partido de Jair Bolsonaro,
o PL.
Crime de responsabilidade?
No pedido de impeachment, os parlamentares
alegam que as declarações do presidente associando a guerra em Israel ao
Holocausto configuram um crime de responsabilidade de acordo com o Artigo 5º da
Constituição Federal.
Citam: “São crimes de responsabilidade contra a
existência política da União: 3 – cometer ato de hostilidade contra nação
estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a
neutralidade”.
No início desta semana, em agenda na Etiópia,
o presidente Lula classificou como genocida a atuação de Israel na Faixa de
Gaza e comparou
o episódio ao Holocausto judeu durante a
Segunda Guerra Mundial.
Por Wilson
Lima, O Antagonista