Documentos e relatos revelam que os ex-ministros Paulo Guedes e Sergio Moro foram informados, ainda em 2019, sobre fraudes envolvendo descontos associativos indevidos em benefícios do INSS. As denúncias apontavam que entidades cobravam mensalidades sem autorização dos aposentados, prática que viria a ser investigada anos depois pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto. À época, o Procon-SP e parlamentares alertaram os ministros sobre a atuação de associações suspeitas, como ABAMSP, Asbapi e Centrape, que teriam arrecadado bilhões por meio de cobranças irregulares.
Segundo a assessoria de Sergio Moro, as entidades foram descredenciadas pelo INSS em julho de 2019, antes mesmo de reunião oficial com o Procon-SP. Já Paulo Guedes recebeu denúncias por meio de requerimentos parlamentares, respondendo que o INSS realizava fiscalizações periódicas e poderia suspender acordos em caso de irregularidades. Apesar dos alertas, as medidas adotadas não impediram que o esquema continuasse operando, o que levanta questionamentos sobre a efetividade da fiscalização e da resposta institucional durante o governo Bolsonaro.
A revelação de que os ex-ministros foram avisados reforça o debate sobre a responsabilidade de autoridades diante de fraudes no sistema previdenciário. A demora na atuação permitiu que o esquema se expandisse, afetando milhares de beneficiários. A investigação posterior levou à demissão de dirigentes do INSS e do Ministério da Previdência, evidenciando falhas na gestão e na proteção dos direitos dos aposentados. O caso reacende a discussão sobre transparência, controle e responsabilização no serviço público.




