Moraes vê tentativa de golpe e responsabiliza Bolsonaro por organização criminosa

Acre

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O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta terça-feira (9) o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. O relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes, foi o primeiro a votar e apresentou uma explanação detalhada sobre o caso, classificando Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que teria atuado para desestabilizar o processo democrático. Moraes destacou que o julgamento não trata da existência do golpe, mas da autoria dos atos que atentaram contra o Estado de Direito.

Durante mais de quatro horas de voto, Moraes apresentou documentos, organogramas e uma cronologia dos eventos que, segundo ele, evidenciam a estrutura e o funcionamento da organização. Entre os elementos citados estão a disseminação de desinformação sobre o sistema eleitoral, reuniões com embaixadores para desacreditar as urnas eletrônicas e tentativas de mobilizar setores das Forças Armadas. O ministro afirmou que as ações foram coordenadas para garantir a permanência do grupo político no poder, independentemente do resultado das eleições, e que há provas robustas da tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

A sessão da Primeira Turma do STF prossegue com os votos dos demais ministros: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A condenação exige maioria simples de três votos. Caso haja dois votos pela absolvição, os réus poderão recorrer ao plenário da Corte. Nenhum dos acusados acompanhou presencialmente o julgamento. A Procuradoria-Geral da República sustenta que houve ruptura democrática e defende a responsabilização dos envolvidos. O caso é considerado um dos mais relevantes da história recente do STF, por envolver diretamente um ex-presidente da República em uma suposta tentativa de golpe institucional.