O presidente da Câmara, Hugo
Motta, encaminhou à Corregedoria Parlamentar da Casa o pedido de afastamento,
por até seis meses, de 15 deputados federais envolvidos em tumultos ocorridos
nos dias 5 e 6 de agosto no plenário. Quatorze deles fazem parte da oposição e
participaram de uma ocupação da Mesa Diretora da Câmara. A outra, uma deputada
do PT, é acusada de agressão durante a retomada dos trabalhos legislativos.
As solicitações agora aguardam
análise do Conselho de Ética, após passarem pela avaliação da Corregedoria, que
deve examinar imagens e demais provas.
Entre os oposicionistas citados,
a maioria pertence ao Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair
Bolsonaro, e ao partido Novo. Eles teriam se envolvido diretamente na obstrução
das atividades legislativas, ao ocuparem a Mesa Diretora. A deputada petista
Camila Jara (PT-MS), por sua vez, é acusada de empurrar o deputado Nikolas
Ferreira (PL-MG).
Deputados citados:
- Marcos Pollon (PL-MS)
- Zé Trovão (PL-SC)
- Júlia Zanatta (PL-SC)
- Marcel van Hattem (Novo-RS)
- Paulo Bilynskyj (PL-SP)
- Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
- Nikolas Ferreira (PL-MG)
- Tenente-Coronel Zucco (PL-RS)
- Allan Garcês (PL-TO)
- Caroline de Toni (PL-SC)
- Marco Feliciano (PL-SP)
- Bia Kicis (PL-DF)
- Domingos Sávio (PL-MG)
- Carlos Jordy (PL-RJ)
- Camila Jara (PT-MS)
A decisão de enviar os pedidos à
Corregedoria foi tomada em reunião da Mesa Diretora na sexta-feira (9). Em nota
oficial, a Secretaria-Geral da Mesa informou:
“A Mesa da Câmara dos Deputados
se reuniu nesta sexta-feira, 9 de agosto, para tratar das condutas praticadas
por diversos deputados federais nos dias 5 e 6. A fim de permitir a devida
apuração do ocorrido, decidiu-se pelo imediato encaminhamento de todas as
denúncias à Corregedoria Parlamentar para a devida análise”.
O que pesa contra os
parlamentares
A representação contra os 14
deputados da oposição foi apresentada pelo líder do PT, Lindbergh Farias (RJ),
com pedido de suspensão cautelar de cinco deles. Já a solicitação de
afastamento da deputada Camila Jara foi feita por parlamentares oposicionistas.
Entre os casos citados:
- Marcos Pollon (PL-MS) teria impedido a retomada dos
trabalhos e insultado o presidente da Câmara. Ele alega nas redes sociais
ser autista e que, ao sentar-se na cadeira da presidência, buscava apenas
conselhos com Van Hattem. - Zé Trovão (PL-SC) é acusado de tentar impedir
fisicamente o retorno de Hugo Motta à Mesa Diretora. Na sessão de quinta
(7), ele negou ter incitado a violência, afirmando que apenas tentou
evitar a retirada forçada de colegas. - Júlia Zanatta (PL-SC) teria utilizado sua filha, de
apenas quatro meses, como “escudo” durante o tumulto, colocando a criança
em situação de risco, segundo os denunciantes. - Paulo Bilynskyj (PL-SP) é acusado de ocupar à força
a Mesa Diretora e a Mesa da Comissão de Direitos Humanos, impedindo seu
funcionamento. Também foi citado por agredir o jornalista Guga Noblat,
ação registrada por câmeras. - Marcel van Hattem (Novo-RS) também teria tomado
posse da cadeira da presidência. Em vídeo publicado posteriormente, ele
afirmou que qualquer tentativa de suspensão seria um “golpe” e publicou um
trecho do Hino Nacional. - Camila Jara (PT-MS), por sua vez, é acusada de
empurrar Nikolas Ferreira durante a confusão no plenário. A assessoria da
parlamentar nega agressão, afirmando que houve apenas um empurra-empurra
no qual Jara afastou o deputado, que teria se desequilibrado.
Os demais parlamentares do PL
foram incluídos em representações individuais, como a protocolada pelo deputado
João Daniel (PT-SE).