“Não existe frente ampla pela anistia”, dizem analistas sobre ato flopado de Bolsonaro em Copacabana

Acre
000_372N8EA “Não existe frente ampla pela anistia”, dizem analistas sobre ato flopado de Bolsonaro em Copacabana

A manifestação liderada por Jair
Bolsonaro neste domingo (16), em Copacabana, não reuniu a multidão esperada e
expôs a fragilidade do ex-presidente na tentativa de pressionar o Congresso
pela anistia dos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

De acordo com analistas ouvidos
pelo UOL, sem o apoio de líderes partidários expressivos — além de Valdemar
Costa Neto, presidente do PL —, Bolsonaro tentou demonstrar influência, mas
falhou. Para aprovar a anistia, ele precisa garantir 257 votos na Câmara e 41
no Senado, além de mobilizar a opinião pública.

Em seu discurso, o ex-presidente
tentou mostrar que tem apoio de líderes partidários para votar e aprovar o
projeto — chegou a citar nominalmente o presidente do PSD, Gilberto Kassab —,
mas não levou nenhum deles ao ato.

O cientista político Marco
Antonio Teixeira, da FGV, classificou o evento como um erro estratégico para o
portal. “A manifestação foi muito aquém da capacidade de mobilização já
demonstrada pelo bolsonarismo. Foi uma aposta que não deu certo e que até mesmo
ajudou o governo Lula. Com a proximidade do julgamento, essa força política
tende a se esvair ainda mais”, afirmou.

Para a professora Silvana Krause,
do departamento de Ciência Política da UFRGS (Universidade Federal do Rio
Grande do Sul), ficou claro que não existe uma frente ampla pela aprovação da
anistia aos golpistas de 8 de janeiro: “Mesmo os governadores que compareceram
não têm feito nenhum movimento claro neste sentido. Eles se apresentam não para
defender uma pauta, mas para marcar posição com o eleitorado bolsonarista”.

STF decide futuro de Bolsonaro no
dia 25

A tentativa de acelerar a
tramitação do projeto ocorre às vésperas do julgamento no STF, que pode tornar
Bolsonaro réu por tentativa de golpe. Para o cientista político Rodrigo Prando,
do Mackenzie, o ato deixou claro seu verdadeiro propósito:

“O ato deste domingo não traz
nada de novo do ponto de vista político ou jurídico. E comprova que foi
organizado não para pedir anistia aos demais envolvidos, mas para o próprio
Bolsonaro”.

A presença de Tarcísio de Freitas
no ato também foi interpretada como um reforço de sua ligação com o
bolsonarismo, o que pode prejudicá-lo em uma eventual disputa presidencial em
2026.

Maioria rejeita anistia

Uma pesquisa Datafolha de
dezembro mostrou que 62% dos brasileiros são contra o perdão aos golpistas,
enquanto 33% são a favor e 6% não souberam responder. A rejeição é maior entre
as mulheres (64%) do que entre os homens (59%).

Com a falta de apoio político e o
julgamento se aproximando, Bolsonaro enfrenta um cenário cada vez mais difícil.

 

 

Por DCM