O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo até às 20h34 de sexta-feira, 22, para que a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifeste sobre indícios de descumprimento de medidas cautelares e risco de fuga identificados pela Polícia Federal (PF). A intimação foi emitida na noite de quarta-feira, 20, após a PF apresentar relatório que aponta a existência de um documento com pedido de asilo político à Argentina, assinado por Bolsonaro e endereçado ao presidente Javier Milei. No texto, o ex-presidente alegava ser alvo de perseguição política e mencionava restrições judiciais impostas pelo STF.
A defesa de Bolsonaro negou qualquer violação das medidas cautelares e afirmou que irá apresentar os esclarecimentos dentro do prazo estabelecido. O ex-presidente está atualmente em prisão domiciliar, proibido de utilizar telefone ou redes sociais, direta ou indiretamente. Segundo o relatório da PF, o pedido de asilo seria parte de uma estratégia para evitar o avanço das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, na qual Bolsonaro figura como principal réu. A corporação também indiciou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), apontando atuação conjunta para obstruir as apurações, especialmente a partir de movimentações nos Estados Unidos.
Na decisão, Moraes determinou que a manifestação da defesa seja encaminhada à Procuradoria-Geral da República (PGR), que também deverá se pronunciar em até 48 horas. O episódio ocorre às vésperas do julgamento sobre a trama golpista, previsto para setembro, e reacende o debate sobre a conduta do ex-presidente diante das investigações. A defesa sustenta que o pedido de asilo não foi formalizado, enquanto aliados classificam o relatório como uma tentativa de desgaste político. O caso segue em análise no STF, com expectativa de novos desdobramentos nas próximas semanas.
