A Associação Moriá, uma das entidades alvo da operação Korban, foi identificada pela Polícia Federal como receptora de R$ 3,1 milhões em emendas da ex-deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), destinados à implementação de jogos digitais educacionais para jovens no Acre. O aporte foi oficializado em 2024, quando Almeida anunciou publicamente o projeto Jogos Estudantis Digitais do Acre (JEDIS), voltado a jovens de 14 a 25 anos e abrangendo aulas presenciais em contraturno escolar sobre e-sports e carreiras digitais. A Moriá, sediada em Brasília, está entre as organizações que mais captaram verba pública para esse tipo de iniciativa.
A operação Korban, desencadeada nesta terça-feira (29) pela PF em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), investiga o possível desvio de R$ 15 milhões envolvendo termos de fomento com o Ministério do Esporte. A análise, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, abrange 20 ONGs que, entre 2020 e 2024, movimentaram mais de R$ 500 milhões em recursos provenientes de emendas parlamentares. Os contratos em investigação dizem respeito, principalmente, à realização de eventos e programas voltados para o cenário de e-sports no país.
Com um histórico de R$ 20,3 milhões recebidos de diferentes parlamentares, a Moriá figura como uma das principais beneficiárias da verba investigada. O projeto JEDIS, anunciado em coletiva pela ex-deputada, incluía modalidades como Free Fire, Valorant, League of Legends e introdução a profissões ligadas ao mercado digital. Apesar da proposta educacional, os investigadores buscam esclarecer se houve irregularidades na execução dos contratos e uso indevido dos recursos públicos. As apurações seguem sob sigilo judicial e envolvem novas diligências sobre transparência e controle nos repasses federais para organizações do terceiro setor.