Produtores rurais cobram solução para escoamento da produção em reunião na Aleac

Acre
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Durante reunião no plenário da
Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), onde os deputados suspenderam a sessão
para receber produtores rurais de Capixaba, a presidente da Cooperativa dos
Produtores e da Associação Unidos para Vencer do Assentamento Campo Alegre,
dona Nilva, expôs a difícil situação enfrentada pelo setor. Ela destacou que a
principal reivindicação dos agricultores é garantir a venda de suas produções,
que estão se acumulando devido à falta de escoamento.

“Nós viemos aqui reivindicar
nosso direito de vender, de escoar a produção e de continuar trabalhando. Não é
justo produzir e, na hora da colheita, não ter para quem entregar”, afirmou.
Segundo ela, a cooperativa comprava toda a produção e a repassava para a
Cooperar, que realizava o beneficiamento e a entrega para a Secretaria de
Educação, dentro do programa de alimentação escolar. No entanto, desde setembro
do ano passado, os produtores não conseguem vender sequer um quilo para a
merenda escolar, resultando em um acúmulo de estoque sem precedentes.

Os trabalhadores alegam que sem a
venda garantida, muitos agricultores estão sofrendo grandes perdas. Um dos
principais produtores da região revelou que já perdeu cerca de seis toneladas
da fruta em apenas 15 dias, acumulando prejuízos financeiros e sendo forçado a
demitir trabalhadores.

Dona Nilva relatou que, em
Capixaba, os armazéns já estão completamente lotados e os produtores não têm
mais onde guardar suas colheitas. “A gente tá pedindo misericórdia mesmo, que
vocês possam nos ajudar e conversar com o secretário, porque ele disse numa
matéria que o problema é que nós não sabemos trabalhar direito. Mas se não
soubéssemos, não estaríamos com esse estoque enorme. O problema é que o Estado
não está pegando a nossa produção”, desabafou.

Ela ressaltou a importância de
priorizar a agricultura familiar e criticou a falta de apoio governamental. “O
Estado deveria comprar diretamente das cooperativas e associações, porque nós
pegamos a produção dos pequenos agricultores. Hoje, eu represento produtores de
borracha, castanha e frutas, mas estou com mais de 100 produtores vendo sua
produção estragar. Todo dia recebo mensagens de agricultores que querem se
associar para tentar vender, mas nem para quem já está associado estamos
conseguindo mercado. A situação está insustentável”, pontuou.

O vice-prefeito de Capixaba,
Ailton Costa, reforçou a importância da cadeia produtiva do maracujá para a
economia local e alertou sobre a necessidade de políticas públicas que garantam
estabilidade aos pequenos produtores. Ele destacou que a realidade dos
agricultores mudou ao longo dos anos, permitindo que muitas famílias se
sustentem com dignidade através da produção. “Não falo apenas como
vice-prefeito, mas como produtor rural e técnico agrícola. Já tivemos que
convencer os agricultores de que era possível viver com dignidade no campo, mas
hoje a realidade mudou. Com apenas dois a quatro hectares, um pequeno produtor
consegue sustentar sua família. Agora, precisamos de uma política pública
estável para garantir que esse progresso não seja perdido”, afirmou.

O deputado Edvaldo Magalhães
(PCdoB), que presidiu a reunião, encerrou o encontro destacando a urgência da
situação e a necessidade de uma resposta rápida para evitar mais perdas na
produção. Como encaminhamento, ficou decidido que a mesa diretora da Aleac fará
contato direto com a Secretaria de Educação para buscar uma solução imediata.
“O deputado Chico Viga manifestou apoio à causa, e o deputado Eduardo Ribeiro,
mesmo ausente no encerramento, contribuiu com a sugestão de um diálogo direto
com a pasta responsável”, disse. Edvaldo reforçou o compromisso de manter os
produtores informados sobre os desdobramentos.

Por Andressa Oliveira, com
foto de Sérgio Vale