O projeto arquitetônico desenvolvido na Aldeia Sagrada Yawanawá, no Alto Rio Gregório, está entre os destaques da 19ª Bienal de Arquitetura de Veneza, na Itália. Fruto da parceria entre o cacique Biraci Yawanawá e o escritório Rosenbaum Arquitetura, o conjunto de edificações — composto pelo Centro Cerimonial (Shuhu), a Casa Modelo e a Universidade dos Saberes Ancestrais — foi selecionado para representar o Brasil na mostra internacional, que ocorre de 10 de maio a 23 de novembro. A curadoria da edição, sob o tema “Intelligens. Natural. Artificial. Collective”, valoriza práticas que integram natureza, tecnologia e saberes coletivos.
As construções foram erguidas com madeira nativa e técnicas sustentáveis, com participação ativa da comunidade Yawanawá e de construtores ribeirinhos. O projeto enfrentou desafios logísticos significativos, como o transporte de equipamentos por rios da floresta. A Universidade dos Saberes Ancestrais, com 1.265 m², simboliza a união de diferentes caminhos do conhecimento, enquanto o Shuhu, com 1.150 m², é dedicado a rituais espirituais. A Casa Modelo, por sua vez, foi pensada para oferecer conforto térmico e integração com o ambiente natural.
A diretora da Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (Sepi), Nedina Yawanawá, destacou que as edificações representam mais do que estruturas físicas: são expressões da identidade e da cosmovisão do povo Yawanawá. O arquiteto Marcelo Rosenbaum reforça que o projeto é resultado de uma escuta sensível e de uma colaboração de 14 anos com a comunidade. O governo do Acre, por meio de políticas públicas voltadas à valorização cultural e à inclusão dos povos originários, apoia iniciativas como essa, que unem tradição, inovação e sustentabilidade.