Real perde para o peso argentino e é a 2ª moeda que mais desvalorizou no ano, em queda de 12,4%

Economia

 

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Dólar encerrou pregão desta sexta-feira (21) negociado em
R$ 5,441

A desvalorização do real superou as
perdas do peso argentino, colocando a moeda com o segundo pior desempenho do
ano, de acordo com levantamento feito por Einar Rivero, sócio fundador da Elos
Ayta Consultoria.

A pesquisa considerou 23 moedas
globais. Ao longo da semana, até a quarta-feira (19), o real tinha a maior
desvalorização do índice.

Mas, nesta sexta-feira (21), a divisa
norte-americana fechou em queda de 0,38%, dando um pequeno alívio para o real.
O dólar era negociado em R$ 5,441, registrando, ainda assim alta de 1,12% na
semana. No ano, a valorização do dólar em comparação ao real vai ainda mais
longe: 12,40%.

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      Fontes: Elos Ayta • Dados referentes ao fechamento do dia 21/06

O que chama atenção é que a moeda
brasileira passava por um momento positivo forte no final do ano passado. Entre
os fatores que impulsionaram os ativos brasileiros, estava a perspectiva
favorável em relação ao exterior.

Alexandre Cabral, professor de Finanças
da Saint Paul Escola de Negócios, explica que esse sentimento otimista atraiu
os investidores estrangeiros ao país, levando a cotação da divisa
norte-americana para baixo. No fim de dezembro, o dólar era negociado na faixa
de R$ 4,90.

“[O capital externo] veio para o Brasil
com a esperança de que os juros nos Estados Unidos caíssem em março. Se o juro
cai nos Estados Unidos, a moeda vai para o mundo”, explica.

Mas Cristiane Quartaroli, estrategista
de câmbio e economista-chefe do Ouribank, relembra que o movimento era uma
antecipação por um momento que eventualmente não veio a acontecer com o
adiamento dos cortes dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA).

“Isso também favorecia as moedas
emergentes de forma geral”, explica.

Porém, 2024 começou desfavorável para a
realização desses cortes nos EUA. A economia norte-americana vem mostrando
resiliência, com um mercado de trabalho aquecido, atividade mantendo força,
além de preocupações com a trajetória da inflação.

“Diante deste cenário, e de fatores
geopolíticos que também influenciam este movimento, como os conflitos de abril
entre Irã e Israel, o Federal Reserve postergou o início do ciclo de cortes de
juros”, avalia Berenice Damke, professora do Insper e especialista em hedge,
derivativos e gestão de riscos financeiros da Damke Consultoria.

Mas não só de decepções com o exterior
se fez a valorização do dólar. A queda do real também foi puxada por fatores
internos.

Neste aspecto, Damke aponta o aumento
da percepção com o risco fiscal, que até o ano passado não havia pressionado
tanto o humor dos investidores.

“Em 2023, a valorização do real
refletiu o alívio em relação aos temores fiscais. Mesmo com as incertezas em
relação às contas públicas, houve uma percepção positiva sobre o mercado de
melhora ao longo do ano, dado a aprovação do arcabouço fiscal, e considerando
os esforços da equipe econômica para elevar a arrecadação e atingir a meta de
déficit primário zero em 2024”, relembra Damke.

Porém, em abril deste ano, a
“montanha-russa” entrou no trecho de descida.

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Porém, 2024 começou desfavorável para a
realização desses cortes nos EUA. A economia norte-americana vem mostrando
resiliência, com um mercado de trabalho aquecido, atividade mantendo força,
além de preocupações com a trajetória da inflação.

“Diante deste cenário, e de fatores
geopolíticos que também influenciam este movimento, como os conflitos de abril
entre Irã e Israel, o Federal Reserve postergou o início do ciclo de cortes de
juros”, avalia Berenice Damke, professora do Insper e especialista em hedge,
derivativos e gestão de riscos financeiros da Damke Consultoria.

Mas não só de decepções com o exterior
se fez a valorização do dólar. A queda do real também foi puxada por fatores
internos.

Neste aspecto, Damke aponta o aumento
da percepção com o risco fiscal, que até o ano passado não havia pressionado
tanto o humor dos investidores.

“Em 2023, a valorização do real
refletiu o alívio em relação aos temores fiscais. Mesmo com as incertezas em
relação às contas públicas, houve uma percepção positiva sobre o mercado de
melhora ao longo do ano, dado a aprovação do arcabouço fiscal, e considerando
os esforços da equipe econômica para elevar a arrecadação e atingir a meta de
déficit primário zero em 2024”, relembra Damke.

Porém, em abril deste ano, a
“montanha-russa” entrou no trecho de descida.

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     Fonte: Refinitiv

Perspectiva

De acordo com as projeções do Prisma
Fiscal, pesquisa de mercado realizada pelo Ministério da Fazenda, a dívida pública
deve se estabilizar apenas entre 2032 e 2033 no patamar de 90% do PIB
.

“O sarrafo está bastante alto para as
pessoas acreditarem nas possíveis mudanças positivas de política econômica dado
tudo que aconteceu. Então, o governo vai ter que realmente mudar de direção
para convencer os mercados”, avalia Buccini.

Mas há quem defenda que essa mudança já
pode estar acontecendo.

“A gente acredita que o governo vai
tomar medidas que sejam, não as ideais, mas que próximas do que sejam
necessárias para se ter um controle maior dos gastos, e que possam ajudar a
dinâmica fiscal em 2025 e 2026”, aponta Luciano Costa, economista-chefe da
Monte Bravo.

E não só pelo doméstico, mas o exterior
tende a ficar mais favorável para o Brasil com a expectativa dos analistas de
ao menos um corte dos juros nos EUA ainda neste ano, o que deve tirar parte da
pressão sobre os indicadores brasileiros.

“Claro que vai depender muito das
questões fiscais, mas pensando em pano de fundo macroeconômico e pensando em
cenário externo, a gente deveria ver um dólar mais baixo até o final desse
ano”, aponta a economista-chefe do Ouribank.

O último Boletim Focus divulgado pelo
Banco Central aponta que o mercado vê o dólar cotado em R$ 5,13 no final deste
ano.

 

Por CNN

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