Relatório da PF revela tensão entre Bolsonaro e Eduardo e expõe racha na direita

Acre

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O relatório da Polícia Federal, divulgado na noite da última quarta-feira, 20, trouxe à tona detalhes inéditos sobre os bastidores do bolsonarismo, revelando conflitos internos, estratégias políticas e tensões familiares. Com 170 páginas, o documento expõe diálogos entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), marcados por cobranças agressivas e desentendimentos sobre o futuro político da direita. Eduardo, que vive nos Estados Unidos desde fevereiro, demonstrou irritação com o destaque dado por Bolsonaro ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e chegou a acusar o pai de prejudicá-lo politicamente.

A investigação também destaca a influência do pastor Silas Malafaia e o papel de Eduardo na articulação internacional do grupo, incluindo contatos com aliados de Donald Trump. Em mensagens, o deputado pressiona o ex-presidente a responder rapidamente a publicações do ex-presidente norte-americano e alerta sobre o risco de perder apoio nos Estados Unidos caso uma “anistia light” seja aprovada no Brasil. Eduardo afirma que Bolsonaro não precisa se preocupar com prisão, mas teme que mudanças no cenário internacional possam comprometer futuras alianças. O relatório ainda revela o ciúme do deputado em relação a Tarcísio, apontando desconfiança sobre os planos do governador para 2026.

Aliados de Bolsonaro classificaram a divulgação do relatório como um “vazamento político” e acusaram o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de tentar desgastar a imagem da direita às vésperas do julgamento sobre a trama golpista. Apesar do impacto inicial das mensagens, o entorno do ex-presidente minimiza o efeito jurídico da investigação, tratando o episódio como parte de uma estratégia para influenciar a opinião pública. A prisão domiciliar de Bolsonaro, determinada por Moraes em 4 de agosto, após descumprimento de medidas cautelares, adiciona um novo capítulo à crise que se desenha no núcleo bolsonarista, agora dividido entre lealdades, ambições e disputas internas.