A tensão entre Peru e Colômbia na região amazônica se intensificou após o envio de tropas militares à Ilha Santa Rosa, localizada na tríplice fronteira com o Brasil. O território, administrado pelo Peru, tornou-se foco de disputa após a criação do distrito de Santa Rosa de Loreto, com ações cívicas peruanas que incluíram atendimento médico e hasteamento de bandeiras. A Colômbia reagiu com reforço militar em Letícia e acusou o Peru de violar o Tratado do Rio de Janeiro de 1934, que estabelece os limites fluviais entre os países. O presidente colombiano Gustavo Petro ameaçou levar o caso à Justiça internacional, alegando que a formação da ilha não consta nos mapas oficiais e afeta o acesso de Letícia ao rio Amazonas.
O governo peruano, por sua vez, sustenta que a Ilha Santa Rosa é uma extensão natural do território nacional, vinculada à ilha de Chinería, reconhecida como peruana desde 1929. A presidente Dina Boluarte rejeitou qualquer possibilidade de negociação, afirmando que a soberania da área não está em disputa. A situação se agravou com o sobrevoo de um avião militar colombiano sobre a ilha, considerado provocativo por Lima. Embora o Brasil não esteja diretamente envolvido na disputa, a movimentação militar ocorre a poucos metros de Tabatinga, no Amazonas, e autoridades brasileiras acompanham o caso com atenção.
O impasse reacende memórias de conflitos históricos entre os dois países, como a guerra de 1932-33, também motivada por divergências territoriais na Amazônia. Analistas alertam que, embora o risco de confronto armado seja baixo, a combinação de tensões políticas, questões ambientais e símbolos de soberania pode prolongar a disputa e afetar a estabilidade regional. A diplomacia entre Peru e Colômbia permanece fragilizada desde 2022, quando o presidente Petro criticou a destituição de Pedro Castillo, agravando o distanciamento entre os governos. A expectativa é de que organismos internacionais sejam acionados para mediar o conflito.