Circula nas redes sociais um vídeo falso que mostra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falando em português e defendendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). A gravação, publicada em 1º de setembro, foi manipulada com técnicas de deepfake, combinando imagens reais de Trump em um evento oficial com falas que ele nunca proferiu. No vídeo, o republicano aparece no Salão Oval da Casa Branca ao lado de autoridades norte-americanas, enquanto o áudio simula ataques ao STF e promessas de sanções contra magistrados brasileiros.
A montagem foi feita a partir de uma coletiva de imprensa transmitida pela Fox News em 6 de agosto, na qual Trump anunciou investimentos da Apple e novas tarifas sobre chips importados. Em nenhum momento o presidente americano mencionou Bolsonaro, o STF ou qualquer tema relacionado à política brasileira. O conteúdo adulterado, no entanto, atribui ao republicano declarações como “encerrem imediatamente todos os inquéritos sobre a farsa do golpe de Estado” e acusações de tentativa de implantação do comunismo no Brasil. O texto que acompanha o vídeo amplia a desinformação, incluindo supostas ameaças a autoridades brasileiras e promessas de investigações internacionais.
Especialistas alertam para os riscos do uso de inteligência artificial na criação de conteúdos falsos, especialmente em momentos políticos sensíveis. O deepfake, capaz de reproduzir imagens e vozes com alto grau de realismo, pode confundir o público e influenciar debates públicos. Ao explorar a credibilidade de fontes visuais e sonoras, esse tipo de manipulação representa uma ameaça à democracia e à estabilidade social. O caso reforça a importância da verificação de informações e do combate à desinformação, sobretudo em contextos de julgamento e eleições.